Centro Sul – O som da banda curitibana Nuvens envolveu todos que prestigiaram a apresentação do grupo na última sexta-feira (22), no Empório São Luiz, em Irati. A proposta da banda é uma mistura de música, poesia e arte que resulta em canções produzidas a partir de composições reflexivas e arranjos musicais baseados na diversidade rítmica dos músicos.
O músico e compositor, Raphael Moraes, conta que a Nuvens surgiu de uma neces-sidade sua de buscar um novo caminho, com mais verdade e alma dentro da música. “Fazia parte de outra banda em Curitiba, e decidi sair dela porque durante um ano compus compulsivamente e as músicas que escrevia já não tinham sentido onde estava”, lembra Raphael.
De baixista, o músico passou a tocar guitarra e violão e a cantar. Todo esse processo começou em 2006, e a partir deste momento Raphael se descobriu como artista, e o desejo de gravar um disco o fez procurar outros músicos que se encaixaram na proposta e colaboraram para o amadure-cimento da ideia.
O primeiro show da Nuvens foi em 12 de novembro de 2007 e mantém até hoje a seguinte composição: Amandio Galvão, guitarra e backing; Guilherme Scartezini, bateria; Marcos Nascimento, baixo; Marcus Pereira, percussão; Raphael Moraes, violão, guitarra e voz. “Nesses três anos nós enquanto seres humanos e artistas amadurecemos bastante, aprendendo no erro e no acerto. Estamos num momento de muito aprendi-zado, porém, mais conscientes de tudo e buscando as coisas com mais clareza. E é exatamente isto que está no segundo disco que vamos lançar no ano que vem”, observa Raphael.
Segundo o compositor, o nome da banda surgiu de uma forma natural, assim como a evolução do homem que nasce, começa a engatinhar, aprende a falar e a andar com suas próprias pernas. Raphael sempre foi muito ligado a natureza, e para ele as nuvens são uma referência da natureza dentro de grandes cidades atuando como uma fuga da loucura cotidiana, pois em meio aos prédios basta olhar para cima e ver as nuvens pintando o céu.
“Tudo surgiu de uma forma muito natural, nesta busca pela paz seja ela como for. As nuvens se transformam livremente com os ventos, não estão pre-sas a nada e são a representação da pureza, porque são natureza. Essa é a nossa busca, ser mais verdadeiro com a nossa essência, inde-pendentemente de ter consciência dela o tempo todo ou não. Não se fechar em nada, estar livre, não ter um rótulo e sempre buscar o novo a cada instante em nós, no público que é o nosso grande parceiro em toda esta história e em outros artistas que conhecemos”, sali-enta o compositor.
A busca pela expressão de senti-mentos, emoções e ideias humanas sempre fez parte das letras da Nuvens e de Raphael, que se define intuitivo e emocional, deixando a racionalidade de lado na hora de compor. Ele diz que tudo surge de uma forma intrínseca, e compara a uma conversa com amigos, onde as pessoas discutem aquilo que está vivo dentro delas sem a necessidade de parar para pensar o que vai ser dito.
Com uma diversidade rítmica que mescla rock, música brasileira, folk e uma world music, o som das nuvens é a melhor definição para as canções da banda. Atualmente as principais influências da Nuvens são compositores como Jorge Drexsler e Paulinho Moska, e as bandas The Sweel Season e Damien Rice. “Bebemos de várias fontes, mas tudo está muito calcado na canção e na poesia que é emitida pelo artista, e como a banda consegue arranjar as músicas para transmitir a ideia da letra, este é um grande foco da banda. Assim como as nuvens, estamos livres para nos transfor-marmos de acordo com o que sentirmos na vida”, considera Raphael.
A originalidade da banda também está presente na fusão com outras manifestações artísticas em algumas apresentações: circo, artes visuais, teatro e poesia foram agrega-dos a música para po-tencializar a mensa-gem das letras. O percussionista Marcus Pereira comenta que o lançamento de um clipe da banda foi denomi-nado “Nuvens no Cinema”. O show foi realizado dentro de um cinema e contou com algumas projeções e apresentações de circo. Já o “Nuvens em Som-bras” trouxe o som da banda contrastando com performances circenses e um teatro de sombras dentro do Festival de Teatro de Curitiba em 2008.
“Na sequência estabelecemos uma parceria com batuqueiros de maracatu que gravaram uma música conosco e partici-param de alguns shows. O último momento nesta linha é um projeto que criamos chamado “Sarau nas Nuvens”. Neste evento, convidamos outros artistas, sejam bandas, poetas, artistas visuais para participar de uma celebração não só com o nosso show, mas com outras manifestações. A princípio realizamos em uma casa noturna, mas como não era aquele o lugar, os dois últimos acabaram sendo feitos na Feirinha do Largo da Ordem, uma das maiores manifestações culturais da cidade de Curitiba. O Sarau foi realizado das 11h até as 16h e com sol tivemos outro clima e outra energia”, ressalta Marcus.
“Fome de Vida”
Às vésperas de completar três anos, a Nuvens atualmente está produzindo o novo disco “Fome de Vida” que será lançado em 2011. Raphael explica que com a produção do disco a sonoridade da banda vem mudando. “Este é um momento ainda mais intenso para nós porque o som que tocamos, não é o que vamos tocar no disco novo. Estamos muito focados como nunca estivemos antes como um grupo, buscando viver intensamente juntos e individualmente, e transcrever isso em canções e arranjos no show e na gravação do disco novo”, explica o músico.
Nas composições de “Fome de Vida”, Raphael fala sobre a vontade de viver e de tudo aquilo que nos marca, mas que acaba se perdendo no dia-a-dia e na rotina. “O disco resumidamente é fome de vida em todos os sentidos, essa fome de viver. O segundo, o momento passam rápido e as vezes nós estamos vivendo algo e não percebemos. Vivemos mecanicamente como robôs e a ideia é entender o quão importante e único é estar vivo. Busco explorar tudo e enxergar poesia nisso”, destaca.
Além do disco, a Nuvens também vai lançar um novo espetáculo que terá a direção cênica de Edson Bueno. “Vamos unir o teatro a poesia que já está dentro das músicas. O show terá cenário e projeções convergindo para o que queremos comunicar dentro das letras, das músicas e dos arranjos. Tudo isso caminha junto para um mesmo lugar e um mesmo objetivo”, conclui Marcus.
TEXTO E FOTO: MARINA LUKAVY
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