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quarta-feira, 3 de novembro de 2010

Em cena a dor e o fracasso de um casamento

A peça “Retratos da Vida” propõe a reflexão acerca dos relacionamentos

Irati – A peça “Retratos da Vida” escrita por Cida Karam e dirigida por David Mafra traz aos olhos do público a história da escritora Maria Regina e Luis Henrique, casal que depois de 30 anos tem a união desfeita devido às diferenças. A interpretação de Cida Karam reflete a dor que muitas mulheres sentem depois de anos dedicados a um casamento.
Cida Karam é autora, diretora, atriz e produtora. Foi a fundadora do Grupo de Teatro Ir a Ti/Unicentro em 1982. Em 1998 aprofundou seus estudos em teatro com grandes diretores como Edson Bueno, Rodolfo Vasquez e Silvanah Santos. “Retratos da Vida” foi o primeiro texto escrito e encenado por ela mesma.

“Sempre tive o desejo de escrever um texto para teatro, escrevia desde criança por estímulo de minha mãe. Há muitos anos atrás procurei o diretor de teatro Edson Bueno e tive aulas com de adaptação de texto. Passou-se o tempo e este ano resolvi escrever uma história para eu representar”, afirma Cida.
Desta vontade, surgiu a ideia de escrever a história de uma mulher que tivesse problemas no casamento devido ao grande número de casos que temos conhecimentos todos os dias. “Queria algo que agradasse o público e que não fosse muito filosófico, então escrevi um texto bem cotidiano e direto. Nada mais que um casamento, a vida a dois que às vezes é muito maravilhosa e outras muito difícil”, acrescenta.
O texto levou seis meses para ser finalizado, pois segundo Cida, ao ler a peça alguns pontos sofriam modificações ou eram inseridos outros momento da vida de Maria Regina e de Luis Henrique. A montagem do espetáculo começou depois de uma conversa com integrantes do Grupo de Teatro Ir a Ti/Unicentro. Cida então convidou Claudete Camargo para ajudá-la na realização de todo o trabalho e fazer parte do elenco. “Nós somos parceiras há 29 anos no teatro. Confio muito no trabalho da Claudete que é muito minuciosa e perfeccionista. A peça a princípio seria um monólogo, mas confesso que não tive coragem de ficar sozinha no palco e encará-lo”, revela a autora.
O segundo passo foi convidar o diretor de teatro David Mafra para fazer parte do trabalho. Esta é a terceira peça em que Cida tem a parceria de Mafra. A primeira foi “Paisagem através do espelho” (2007), feita para o Centenário de Irati, uma peça muito aceita pelo público e que conta a história do município. O segundo trabalho foi “As lágrimas amargas de Petra Von Kant” (2009).
Os trabalhos de mesa de “Retratos da Vida” tiveram início no mês de maio e contou com a participação além de Mafra e de Claudete, do ator Cristiano Wolski que interpreta Luis Henrique. “Por aproximadamente três meses nós estudamos e pesquisamos juntos o meu texto. Neste período também fizemos algumas adaptações e já visualizamos as próprias cenas”, ressalta Cida.
A peça é composta por dois planos: a realidade e as lembranças. No primeiro, Maria Regina conta para Thaís a história do livro “O Amor do princípio ao fim” que narra a história do seu casamento. Já as lembranças trazem ao palco a intérprete Katiúscia Proceke, os bailarinos Viviane Schoab e Régis Schoab e o próprio Luis Henrique. A peça também conta com a participação do pianista Diego Gorzynski.
A autora explica que os elementos da música e da dança tornam o espetáculo mais suave, pois a peça é muito dramática ao retratar um casamento falido, uma mulher muito sofrida que amava muito o marido e não queria deixar o casamento acabar. “Enquanto encenava percebi que quando a intérprete começava a cantar todos ficavam olhando para ela e vivendo aquela música. As músicas que escolhi são muito bonitas e emocionantes e tem um papel dentro da peça que é mostrar a saudade que Maria Regina sente do primeiro amor e do marido, das suas carícias e dos seus beijos”, completa Cida.
A história de “Retratos da Vida” reflete a situação de muitos relacionamentos, e a autora cita uma frase da peça que deve servir como guia para que uma união se mantenha estável: “o casamento dá certo quando as duas pessoas, o homem e a mulher se igualam nas diferenças”. Maria Regina e Luis Henrique não se igualavam nas diferenças. Os anseios de cada um eram totalmente diferentes, ela era escritora e ele não gostava nem de ler.
“Admito que estava muito anciosa e conversava com o diretor que não sabia como seria a reação do público a esta história. Pensei em desistir por muitas vezes de apresentar mas meus colegas sempre me incentivaram. Para mim foi uma surpresa muito grande e um presente de Deus o público estar gostando da peça. Muitas pessoas se emocionam e me parabenizam pela história, então estou me sentindo realizada”, finaliza Cida.

TEXTO E FOTO: MARINA LUKAVY

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