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quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Temática indígena é retratada no festival Vídeo Índio Brasil

A mostra de filmes acontece simultaneamente em 112 cidades brasileiras

Irati – Teve início no dia 31 de julho e segue até o dia 07 o festival Vídeo Índio Brasil. Em Irati, os filmes estão sendo exibidos no Cine Irati/Unicentro e no Mini-Auditório do campus da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Unicentro) de Irati. O objetivo do festival é fortalecer e divulgar a temática indígena no Brasil.
O organizador do festival em Irati é o professor do Departamento de História da Unicentro, Oséias de Oliveira, ele conta que o Vídeo Índio Brasil é um festival que vem acontecendo desde 2008 em Campo Grande (MS). Esta é a terceira edição, e os organizadores decidiram abrir a mostra para candidatura de cidades e pessoas interessadas em promover o festival. Ao todo 112 cidades de todo o Brasil estão realizando a mostra simultaneamente.

Os filmes exibidos têm uma grande participação dos indígenas e são filmes elaborados por eles. Sendo assim, o Vídeo Índio Brasil traz a perspectiva da reflexão elaborada pelo próprio indígena. “É um material audiovisual elaborado, organizado, produzido e concebido pelos indígenas, isto já traz um elemento extremamente importante para nós. E esses materiais são de difícil circulação, você não vai encontrar em qualquer universidade ou qualquer locadora, mesmo numa pesquisa na internet você não detecta, e para nós é muito importante ter acesso a esta reflexão”, afirma o professor.
A mostra que começou no último sábado trouxe como discussão diversos aspectos que envolvem a cultura indígena. Segundo Oliveira, o primeiro debate foi em torno do efeito do audiovisual para os indígenas e para a comunidade. “Quando eles tem condições de acesso a esse conhecimento, a essa possibilidade do audiovisual faz com que olhem para si e para a sua memória com condições muito especiais”, explica.
Os filmes também abordam outros temas como os rituais específicos de um grupo e sua história. Também, a situação de contato com certos grupos, pois até a década de 80 e 90 havia grupos indígenas que não eram conhecidos. Outro aspecto retratado é a luta pela terra e o efeito do desenvolvimento nacional. Os filmes são documentários, com uma única exceção de uma animação.
Após os filmes o professor chama a atenção dos espectadores para os principais aspectos do filme e estes podem participar de um debate sobre o conteúdo do material. “A proposta é que não seja uma visão só voltada para os não índios, mas também que haja a possibilidade dos indígenas da nossa região estarem visualizando a mostra e dar a sua participação na discussão”, explica Oliveira.

Contribuição na formação
O curso de História da Unicentro implantou em 2009 em sua grade curricular a disciplina de História Indígena. Para o professor trazer a mostra para Irati vai contribui também na formação dos alunos. “Para mim já é uma fagulha com condições de ser transformada numa fogueira, tenho percebido que algumas pessoas ficaram muito empolgadas com o material que viram”, observa Oliveira.
Ao trazer o festival Vídeo Índio Brasil até Irati, o professor tem a intenção de que os alunos tenham condições, visualizem e discutam, mas, que conheçam principalmente uma cultura diferente da nossa. “Esse contato com uma língua diferente, porque os filmes são na língua nativa, com a sonoridade de outra língua, com outra cultura e com as formas de se vestir completamente diferente, nos ajuda a tirar alguns estereótipos que algumas vezes temos desta comunidade”, acrescenta o professor.
O acadêmico do curso de História, Adélio Vidal, ressalta a importância desse contato principalmente para os futuros professores. “Nós sabemos que tem o Dia do Índio, mas muitas pessoas nem sabem o verdadeiro sentido desta comemoração e desconhecem do tema indígena. Muitos pensam que o índio é aquele que anda com uma peninha na cabeça e com o arco e flecha. Na verdade não é assim, assistir os filmes foi muito interessante e construtivo”, destaca Vidal.
Um dos aspectos presentes nos filmes que mais chama a atenção do acadêmico é a luta dos indígenas pela terra. “Eles lutam para se manter dentro de uma floresta que está sendo devastada, principalmente por fazendeiros. É importante conhecer isto do ponto de vista deles. Eles são os verdadeiros brasileiros e não são valorizados”, conclui Vidal.
Após o término do festival, o material apresentado ficará a disposição do Departamento de História da Unicentro, que em troca da organização do evento passa a ser proprietário dos filmes.

Histórico
O Vídeo Índio Brasil 2010 é patrocinado pelo Ministério da Cultura, Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural e Secretaria do Audiovisual. O projeto nasceu de uma mostra cinematográfica do 4º Festival de Cinema de Campo Grande (FestCine Pantanal), em 2007, em uma realização do CineCultura. No ano seguinte, o projeto tomou forma e as duas edições realizadas (2008 e 2009) contaram com o apoio do Ministério da Cultura, da Secretaria da Identidade e da Diversidade Cultural e do Fundo Nacional de Cultura. O festival teve ainda apoio da Fundação Nacional do Índio (Funai) e do Ministério do Turismo. Em 2008, três cidades participaram do Vídeo Índio Brasil: Campo Grande, Dourados e Corumbá. No ano de 2009, o projeto ampliou seu circuito de exibição para sete cidades de MS. Agora em 2010, Irati foi uma das cidades contempladas com a exibição dos filmes.

TEXTO: MARINA LUKAVY
FOTOS: DIVULGAÇÃO

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