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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Catarina Valenga: da Polônia para o Riozinho

Irati – A nossa região é composta por muitos traços da imigração eslava, e conhecer a história destes imigrantes nos faz entender como se deu a construção do que somos hoje. Catarina Valenga tem 80 anos e vive ao lado de seu marido Gaspar Valenga, no bairro Riozinho.
Na década de 1920 a Polônia foi atacada e muitas famílias fugiram para a Iugoslávia para não se submeter às condições impostas. A mãe de Dona Catarina, então grávida, resolveu deixar o marido e partir para a Iugoslávia junto com seus pais. Lá tiveram a oportunidade de imigrarem para o Brasil num navio inglês fretado pelo governo brasileiro. “Viemos como imigrantes oficializados”, explica.
Seu Gaspar Valenga ajuda a esposa a remontar a sua história e conta que durante a viagem para o Brasil, numa parada na França, foi que Dona Catarina nasceu. “Naquela época como não era exigido tanto a questão de documentação, ela veio a ser registrada no Brasil”, acrescenta. Seu Gaspar ainda brinca que a esposa tem muitas nacionalidades. “Descendente de poloneses, foi para a Iugoslávia, de lá viajou num navio inglês, nasceu na França e foi registrada no Brasil”, graceja Seu Gaspar.
Dona Catarina lembra que sua mãe contava que quando elas chegaram ao Brasil, ela tinha apenas quatro meses de idade. “Minha mãe disse que fui batizada dentro do navio a caminho daqui”, afirma. As famílias de imigrantes chegaram em 1924 para ocupar algumas léguas que o Governo do Brasil tinha adquirido, na região de Reserva, atualmente Cândido de Abreu.
A família de Dona Catarina foi morar na localidade de Faxinal de Catanduva, onde mais de 100 famílias de imigrantes também começaram uma nova vida. “Inclusive um vice-embaixador da Polônia, Alexandre Kurowski, se mudou para aquela loca-lidade”, destaca Seu Gaspar.
Na casa de Dona Catarina moravam quatro famílias e para sustentar a casa era necessário que uma das mulheres ficasse cuidando das crianças enquanto as outras iam trabalhar. “Elas iam à pé e sempre traziam ramos de mandioca. No outro dia, trocava e outra mulher ficava com as crianças”, relembra.
A vinda dela para Irati foi em função de aprender costura com a senhora Marieta Boscardin, que era muito afamada em toda a região como costureira. “A Dona Marieta ensinava moças e mulheres a cortar e costurar. E como a Catarina era filha de fazendeiros mandaram ela para cá para aprender com 23 anos. Eles eram considera-dos fazendeiros naquela época porque tinham cama para dormir, muitos ainda não tinham nem isso”, explica Seu Gaspar.
Mas o que Dona Catarina ainda não sabia é que Irati seria a cidade onde encontraria o seu marido e iria viver. Foi morar com um tio que veio junto com a família da Iugoslávia, e decidiu morar em Irati. Seu Gaspar trabalhava com o tio dela como aprendiz de ferreiro. “Eu sempre brinco que ela veio aprender a costurar e aprendeu a me tapear, nesse meio tempo nós aprendemos a namorar e hoje já estamos há 62 anos juntos”, conta Seu Gaspar.

TEXTO: MARINA LUKAVY
FOTOS: ADRIANA SOUZA

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