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quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Para nós fica o legado do pintor solitário

Petrek dedicou toda a sua vida a pintura sacra, em troca, só casa, comida e uns trocados

Centro Sul – O interior de muitas igrejas e capelas da região foi tomado por tons acinzentados no último domingo (30). O artista Antonio Petrek faleceu aos 81 anos, no Lar dos Velhinhos de Rio Azul. O homem que fez da pintura a sua manifestação da fé em Deus, teve uma vida solitária, passando as noites entre pincéis e tintas.

Petrek nasceu em Rio Azul e já aos 14 anos perpetrava seus primeiros traços em pedaços de madeira. A tinta era de fabricação própria, tonalidades que se revelaram através do leite, couro e tuna (uma espécie de cactus). Brotava aí a arte de Petrek, classificada como pintura sacra e barroca, imortalizada em igrejas e capelas.
Para ele, não eram necessárias grandes quantias como pagamento. Um teto para morar enquanto durasse o trabalho, comida e um pouco de dinheiro eram suficientes. Não formou uma família, tampouco teve filhos. Dormia durante o dia, pintava a noite. Terminava a obra e seguia em direção a outra localidade. Essa era a vida de Petrek, o pintor solitário.
A singular e minuciosa beleza de seus traços pode ser visualizada em igrejas e capelas do interior de Irati, Rio Azul, Mallet, Paulo Frontim, Cândido de Abreu e de alguns municípios em Santa Catarina. A maior igreja que já trabalhou está localizada em Mallet, Petrek pintou uma cruz com aproximadamente 45 metros de altura.
Ao longo dos anos, o pintor foi tema de muitas reportagens em toda a região. Além disso, foi tema do extinto programa de televisão “Bicho do Paraná”, transmitido pela Rede Globo e que mostrava as personalidades paranaenses. Por duas vezes as igrejas pintadas por Petrek foram ao ar no quadro “Me Leva Brasil”, apresentado por Maurício Kubrusly, no Fantástico.
Em 2008, Petrek recebeu o título de Cidadão Benemérito de Rio Azul. O pintor era patrono da cadeira 17 da Academia de Letras, Artes e Ciências do Centro-Sul do Paraná (Alacs).
Sua última entrevista ao Jornal Hoje Centro Sul foi concedida em dezembro de 2010, quando o Projeto “Revelando os Brasis” escolheu sua história para virar tema de um filme curta-metragem. Na ocasião, Petrek estava no Lar dos Velhinhos em Rio Azul e afirmou que voltaria a pintar, pois muitas telas ainda estavam inacabadas. Ainda confessou que o segredo da sua arte é a emoção.

Lembranças que ficam
“Ele foi um homem muito simples e tinha uma bondade enorme”, é assim que o diácono João Basniak, lembra do pintor. O diácono conviveu com Petrek na época em que ele pintava a Paróquia Sagrado Coração de Jesus, em Mallet. “Um amigo verdadeiro. Eu e o padre Severo que já é falecido, íamos visitar o Petrek para jogar um truquinho ou conversa fora. Ele sempre fazia questão de servir os amigos com algum tipo de bebida ou comida, que na maioria das vezes ele recebia em troca do seu trabalho”, recorda.
A dedicação e a fé de Petrek também chamam a atenção do diácono. “A pintura era a vocação e o dom que ele tinha. Foi um homem que estudou pouco, mas dedicou sua vida de corpo e alma para as igrejas e capelas. A sua espiritualidade e sua fé, eram transmitidas ao pintar, esse era o contato dele com Deus”, ressalta.
O legado deixado por Petrek é imensurável. Não foi apenas um artista, e sim, um homem com talento e virtudes. Com um simples olhar sobre sua obra percebemos que Petrek é imortal, principalmente, para aqueles que sabem reconhecer o valor deste grande artista.



Homenagem e Agradecimento

Com a confiança inabalável de que nosso irmão, o artista plástico, Antonio Petrek, goza do carinho celestial de nosso Santo dos Santos, O Senhor de Todos os Exércitos, O Único Pai, os familiares agradecem o carinho dos amigos e conhecidos, especialmente neste momento de doloroso luto.

A Missa de 7º Dia será realizada no próximo dia 06 (domingo), às 8h da manhã, na Igreja Santa Terezinha.

Antonio deixa irmã, cunhado, sobrinhos, e sobrinhos-netos.
13/06/1929
30/01/2011


Texto: Marina Lukavy
Foto: Arquivo

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