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segunda-feira, 26 de julho de 2010

Transtornos alimentares podem levar a morte

Os transtornos são de ordem psicológica e o tratamento deve ser multidisciplinar

Centro Sul - Os transtornos alimentares são quadros psiquiátricos que afetam principalmente adolescentes e mulheres jovens. Levam o organismo a um funcionamento clínico comprometido, alterações psiquiátricas graves que podem culminar com a morte do indivíduo afetado. Hoje são conhecidos cinco tipos de transtornos: a anorexia nervosa, a bulimia nervosa, a ortorexia nervosa, a compulsão alimentar e a drunkorexia ou alcoolrexia.

A nutricionista Jana Grenteski, conta que os estudos epidemiológicos demonstram uma dificuldade de dados sobre os transtornos alimentares. "Esse problema se dá porque ocorre uma recusa pelo paciente em procurar ajuda profissional, também há negação de sintomas e a procura por tratamento acontece apenas em casos mais graves", explica a nutricionista. O risco de desenvolver transtornos alimentares é aumentado em atletas competitivos como ginastas, patinadoras, corredoras de longa distancia e bailarinas, e em homens praticantes de fisiculturismo.
O problema desses transtornos não está na alimentação, está no psicológico do paciente que deve ser tratado para que se chegue à cura. "O tratamento deve ser multidisciplinar, a terapia nutricional deve ser individualizada e tem por objetivo o restabelecimento do peso saudável, modificações do consumo, padrão e atitudes alimentares, normalizar a percepção de fome e saciedade e corrigir as sequelas fisiológicas decorrentes da desnutrição", acrescenta Jana.

Anorexia nervosa
A doença é caracterizada por grande e intencional perda de peso, subsequente à severa restrição alimentar, busca incessante pela magreza e distúrbio da imagem corporal. A anorexia pode se apresentar de dois tipos: anorexia nervosa restritiva no qual os pacientes, além da importante restrição alimentar e por vezes atividade física exagerada, não apresentam episódios compulsivos de alimentação nem purgação (vômitos, laxantes, diuréticos); e anorexia nervosa purgativa em que os pacientes apresentam episódios compulsivos de alimentação e métodos compensatórios inadequados como vômitos, laxantes, diuréticos. A anorexia pode evoluir para a bulimia.

Bulimia nervosa
Neste caso a pessoa sente uma fome doentia, diferente da fome fisiológica. "Ela se caracteriza por uma grande e rápida ingestão de alimentos com sensação de perda de controle, os chamados episódios bulímicos. Eles são acompanhados de métodos compensatórios inadequados para o controle do peso como vômitos auto-induzidos, uso de medicamentos como diuréticos, inibidores de apetite e laxantes, dietas e exercícios físicos", observa a nutricionista. A principal característica psicológica da bulimia nervosa é uma excessiva preocupação com o peso e a forma corporal.

Ortorexia nervosa
Ainda pouco conhecido, é um transtorno que surge quando a pessoa se torna obsessiva quanto aos padrões daquilo que come. Ao contrário da anorexia ou bulimia, a pessoa permite-se comer, mas fica tão obcecada com o que come que todos os seus pensamentos ficam ocupados com a dieta.
"Permitem-se apenas alimentos saudáveis e escrutinam o conteúdo nutricional de cada elemento que ingerem. Calorias, vitaminas e nutrientes tornam-se o ponto focal da comida e qualquer coisa que contenha o mínimo vestígio do que está na lista do 'não é permitido' não é consumido. Embora todos possamos beneficiar ao adotar esta atitude de forma mais habitual, estes 'mártires' levam a obsessão com o conteúdo dos seus alimentos ao extremo, e não se permitem, em circunstância alguma, um desvio do seu programa de tipos de alimentos autorizados", afirma Jana.

Compulsão alimentar
É o ato de ingerir uma quantidade de alimentos significativamente maior que a maioria das pessoas consumiria em um curto período de tempo. Geralmente as pessoas estão sozinhas e sentem-se deprimidas e culpadas depois do ato da compulsão alimentar, mas o indivíduo não provoca vômitos ou algum outro método purgativo. Segundo a nutricionista, pessoas que beliscam pequenas quantidades de alimentos o dia todo, não se encaixam nesta categoria. A pessoa com compulsão alimentar alimenta-se em um período delimitado, chamado episódio de compulsão alimentar.
"Muitas pessoas acham que tem compulsão alimentar por consumir doces em excesso, guloseimas ou por desejarem consumir pão à noite, etc. Isto não é caracterizado como compulsão alimentar, ou transtorno compulsivo alimentar periódico. Sentir vontade de comer um pedaço de torta de chocolate e até repetir este pedaço é um momento que todos têm o direito de fazer, de vez em quando, sem culpas. Mas, no comer compulsivo, a pessoa não consome apenas isso, mas vários outros alimentos e em quantidades enormes, ela não mastiga direito, não sente o gosto do que está comendo, não consegue parar de comer, mesmo já estando saciada e em período pequeno de tempo", alerta Jana.
O comer compulsivo pode acarretar em conseqüências nada saudáveis, a principal é o sobrepeso e obesidade. Outras consequências seriam problemas gástricos devido ao grande consumo de alimentos ingeridos, além de comprometimento das relações interpessoais.

Drunkorexia ou alcoolrexia
Esta doença mistura transtornos alimentares e alcoolismo, mas ainda não possui um termo médico oficial. Os anoréxicos, por restringirem muito seu consumo calórico, tendem a evitar o álcool. Mas alguns bebem antes de comer para relaxar ou o fazem para baixar a ansiedade por ter ousado fazer uma refeição.
Há casos também em que a pessoa passa o dia sem comer para compensar a ingestão calórica devido ao consumo alcoólico da noite anterior. Já os bulímicos podem exagerar na comida e na bebida, induzindo o vômito posteriormente para eliminar os excessos. "O álcool anestesia emoções ruins como frustração e, no caso da drunkorexia, reduz o apetite. As pessoas anoréxicas passam a recusar a comida, mas a aceitar o uso dessas substâncias. Já as compulsivas geralmente tentam substituir a comida por alguma delas, enquanto as bulímicas unem as drogas e o álcool à compulsão e aos métodos purgativos convencionais", completa a nutricionista.

TEXTO: MARINA LUKAVY.

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