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quinta-feira, 22 de julho de 2010

A relação estreita entre a escola e o bullying

A Patrulha Escolar da PM atua junto às escolas no sentido de prevenir as situações de bullying

Irati - Na semana passada o Jornal Hoje Centro Sul trouxe a temática do bullying sob o ponto de vista do professor de Psicologia e mestre em Educação, Marcelo Ubiali Ferracioli. Nesta edição trazemos o relato de profissionais que convivem diariamente com o problema: professores e policiais da Patrulha Escolar.


A escola
Os atos praticados pelos alunos e encarados como bullying variam de intensidade de acordo com a idade da criança ou adolescente. A orientadora de um colégio, Maria Amélia Inglês, afirma que a incidência de bullying é maior entre alunos com idade de 10 a 13 anos. "Eles são mais infantis e muitos não percebem que ferem o colega quando fazem algumas brincadeiras, e que com isso magoam e passam dos limites. Eles criam rótulos e chegam a se agredir", comenta a orientadora.
De acordo com Maria, nessa faixa etária os xingamentos são mais escancarados, sempre ressaltando características físicas do outro. "Os pequenos sabem que o que eles estão fazendo é crime porque eles tiveram palestras, mas assim mesmo, eles fazem. A Patrulha Escolar também nos ajuda neste sentido de conscientização", observa.
A partir dos 14 anos, as agressões são mais comuns pela internet e na escola acontecem de forma mais discreta. "Mas alguns casos chegam até aqui, porque é na escola que eles se encontram e querem resolver algum problema que aconteceu fora", acrescenta Maria.
Já as pedagogas Jaqueline Aparecida Laskoski Braga Bobroski e Silmara Passos trabalham com alunos com idades que variam de 14 a 20 anos. Nesta faixa etária as ocorrências mais comuns de bullying são atos de provocação, danificação de algum pertence do outro e criar apelidos maldosos. "Às vezes até um olhar mais questionador em relação a outro colega, já provoca alguma situação", lembra Jaqueline. As pedagogas contam que as agressões físicas não são tão frequentes, mas elas têm início das agressões verbais, que chegam ao extremo de alguns alunos não suportarem e acabarem agindo com violência.
"O bullying sempre existiu, entretanto, não era tão divulgado como agora, mas estas atitudes já existiam. Hoje, os alunos estão mais cientes das consequências desses atos e do que pode ser considerado um ato infracionário", fala Silmara.
No início do ano letivo todos os professores participaram de palestras e aprenderam como lidar com as situações de bullying dentro e fora das salas de aula. "Nós procuramos primeiro fazer um aconselhamento, trazemos os alunos aqui e tentamos descobrir o porquê desta situação. Tentamos resolver o problema com o aluno para que ele tome consciência e veja que aquela atitude que ele tomou é errada. Em seguida, nós chamamos os pais para que fiquem cientes da situação", explica Jaqueline.
Outra situação apontada como fator gerador de bullying é a existência de diferentes estilos entre os alunos, as chamadas "tribos". Segundo Silmara, o adolescente que tem um estilo diferente ou pertence a algum grupo, deve estar preparado porque vai sofrer reações contrárias de preconceito. "Ele vai ter que aprender a lidar com isso, porque nem todos aceitam da mesma maneira, e ele não pode reagir com violência quando isto acontecer", conclui a pedagoga.

Patrulha Escolar
Apontada como uma parceira das escolas na prevenção do bullying, a Patrulha Escolar começou as suas atividades em Irati em 2007 e atua dentro e fora das escolas. O coordenador da Patrulha, sargento Valdemar, conta que o trabalho acontece principalmente em escolas estaduais onde estudam alunos a partir da 5ª série.
"O bullying é a causa mais frequente das chamadas que recebemos em escolas e tem ocorrido na maioria delas. Nós também fazemos visitas rotineiras mesmo que não haja a solicitação. Estando presente nas escolas é comum ouvir comentários a respeito de determinado grupo de alunos, ou até mesmo de um aluno específico que pratica o bullying ou é vítima", afirma o sargento.
O trabalho da Patrulha Escolar também inclui palestras de orientação sobre o bullying diretamente para os alunos. A forma de apresentação e abordagem do tema varia de acordo com a faixa etária, e com as informações que a própria escola repassa sobre o comportamento de determinada turma. "Procuro sempre estar atento aos problemas que se passam com cada grupo. Hoje, quando algum professor falta, é comum a escola solicitar a nossa presença para que possamos estar conversando junto aos alunos, não os deixando com tempo ocioso", ressalta.
O sargento ainda diz que a prática de bullying mais comum entre alunos do Ensino Fundamental é apelidar os colegas e se apossar ou danificar o material escolar alheio. "Quando eles pegam o material do outro, muitos até não sabem que estão cometendo um furto, eles não tem consciência que isto é um ato infracional", acrescenta. Nesta faixa etária também é importante estar atento ao método de abordagem, visto que muitos ainda são crianças.
Entre os alunos do Ensino Médio, as situações de agressão física e ameaças aumentam. Valdemar observa que os casos ocorrem em menor número do que entre os mais novos, pois os adolescentes já possuem uma maior consciência, porém quando acontecem, o grau de agressividade dos atos é maior.
Para evitar as situações de bullying, é imprescindível um diálogo aberto entre pais e filhos para que se evite a prática, e no caso de uma ocorrência em que o aluno for vítima saiba tomar a atitude correta. "Notamos que falta muito diálogo dentro das famílias. Muitos pais só vão sentir o efeito do bullying quando o filho não quer mais ir para a aula e tem uma baixa no nível das notas. Ele já está sendo vitima há algum tempo e a família não percebe. Ainda hoje, tem alguns pais que devido à falta de participação na escola não sabem que tem uma equipe da PM que faz todo esse processo de orientação e prevenção", frisa o sargento.

TEXTO E FOTOS: MARINA LUKAVY

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