Irati - “Ninguém faz idéia do que é a guerra sem ter passado por uma. Se eu soubesse dos horrores que iria enfrentar, talvez não tivesse ido, mas naquele ímpeto de ser útil eu servi ao Brasil”, diz, emocionada, Virgínia Leite. Primeira mulher paranaense a se alistar como enfermeira para servir na Força Expedicionária Brasileira (FEB) durante a II Guerra Mundial, Virgínia decidiu doar ao Museu Municipal de Irati, sua cidade natal, as medalhas de ex-combatente, condecorações, diplomas e fotografias de seu acervo pessoal.
Para formalizar a doação do material, o prefeito Sergio Stoklos, o secretário municipal de Patrimônio Histórico, Turismo, Cultura, Lazer e Desportos, Rafael Ruteski, e Marco Antonio Benato Leite, sobrinho de Virgínia Leite, estiveram no último dia 8 em Curitiba, onde a ex-enfermeira reside há mais de 50 anos. “Dona Virgínia sempre foi sinônimo de patriotismo, seja nos momentos difíceis ou nos momentos de glória do Brasil”, afirmou Stoklos.
“Saímos de Irati para a Itália eu e 40 homens”, relata a veterana de guerra que demonstra, aos 93 anos, memória, lucidez e vivacidade invejáveis. Virgínia conta que integrava um grupo de oito enfermeiras do Paraná na FEB, das quais é a única ainda viva. “No total, éramos 73 enfermeiras brasileiras e, contando comigo, pelo que sei somente cinco estão vivas”.
Memórias de guerra e de vida
Às pessoas que a visitam, Virgínia gosta de mostrar fotografias em que aparece ao lado de colegas brasileiros no trabalho em hospitais em cidades italianas, durante o conflito, e das homenagens que vem recebendo desde o Armistício, em 1945. São muitas, também, as lembranças dos anos pré-guerra, em que viveu em Irati e lecionou na Escola Duque de Caxias, e dos posteriores 40 anos que atuou como diretora social da Legião Paranaense do Expedicionário.
“Virgínia Leite foi para a guerra porque sempre foi vanguardista, tendo atitudes inovadoras no período em que morou em Irati e depois”, aponta o prefeito. A ex-enfermeira e precursora do feminismo acrescenta ter sido em Irati a primeira mulher a trabalhar na Legião Brasileira de Assistência, a ter os sapatos limpos por um engraxate e a primeira mulher a tomar cafezinho no legendário Bar do Tadeu – na época eram ações permitidas somente aos homens.
Sergio Stoklos considera que a doação do acervo para o Museu Municipal de Irati oportunizará que a comunidade tenha acesso aos preciosos materiais que compõem a história de Virgínia Leite, hoje restritos a familiares e amigos que a visitam. “O acervo significa muito para nós, pois é fruto do trabalho dela e de todos os que estiveram na FEB”, conclui o prefeito.
Texto e fotos: Assessoria de Comunicação da Prefeitura de Irati
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