15 dias após o início do ano letivo, muitos alunos ainda estão sem aulas em determinadas disciplinas
Centro Sul – Na última semana, o Jornal Hoje Centro Sul foi procurado por alunos do Colégio Florestal Estadual Presidente Costa e Silva que contestam a falta de professores em sala de aula. No dia 04, o Tribunal de Justiça do Paraná suspendeu a classificação do Processo de Seleção Simplificado (PSS) para os cargos de professor e técnico administrativo, o que gerou a ausência de professores em diversas instituições de ensino.
Segundo o diretor do Colégio Florestal, Laércio Pereira de Oliveira, a fase mais crítica em relação à falta de professores ocorreu nas duas primeiras semanas do ano letivo. “Para o curso técnico em Meio Ambiente, aproximadamente metade do corpo docente ainda está sendo suprida. Na segunda-feira (21), tivemos a chegada de mais uma professora no Colégio e ao que parece, algumas providências já estão sendo tomadas”, afirma o diretor.
Um exemplo é a turma do 3º semestre do técnico em Meio Ambiente. Nas semanas iniciais eram apenas dois professores efetivos, sendo que de acordo com Oliveira seriam necessários ao menos seis.
No Colégio Florestal as aulas não foram suspensas, mas os professores presentes ocuparam todo o tempo disponível adiantando o conteúdo das disciplinas. “Em respeito aos alunos optamos pela não-suspensão das aulas. Inclusive eu estou ajudando aqui não-oficialmente para que os alunos tenham mais conteúdo. Quando chegarem os novos professores haverá uma compensação dos horários que foram utilizados, para que estes possam prosseguir com o andamento das suas disciplinas”, acrescenta o diretor.
Com a liminar impetrada pelo Tribunal de Justiça, o Colégio ficou impedido de contratar professores, e enquanto o processo for contestado judicialmente e não houver uma decisão, a falta de professores deve continuar. Oliveira explica que a Secretaria Estadual de Educação tomou como medida provisória para evitar danos maiores aos alunos, suprir aulas aos professores formados em Biologia e Ciências que já são do quadro de professores efetivos.
“Procuramos o Núcleo Regional de Educação (NRE), mas também não obtivemos uma solução. O NRE alega que está aguardando instruções da Secretaria de Educação, por isso não é possível resolver o problema. Temos profissionais qualificados que não podem trabalhar em função dessa liminar”, completa o diretor.
Transtornos para os alunos
A falta de professores tem como principais lesados os alunos, a ausência de algumas disciplinas pode comprometer o aprendizado ao longo do ano letivo. O Colégio Florestal, por exemplo, atrai estudantes de vários municípios da região que tem gastos com deslocamento. Aluna do 3º semestre do curso técnico em Meio Ambiente, Mirian Mikoski, se desloca todos os dias de Rio Azul para Irati.
“Pago uma van para vir estudar, e mesmo os dias em que não temos aulas estão sendo cobrados. Caso as aulas sejam nos sábados não poderei estarei presente, porque a van não se desloca até Irati neste dia. Então é um gasto que estou tendo sem aproveitar os benefícios”, protesta a aluna.
Além do prejuízo financeiro, Mirian cita que a falta do conteúdo que seria repassado por professores das disciplinas sem aula, vai refletir também no mercado de trabalho. “Quando formos trabalhar, o conhecimento que era para ter adquirido aqui dentro da sala de aula não teremos para apresentar na empresa. Pretendo fazer estágio porque estou terminando o curso, e essa ausência de conteúdo com certeza vai fazer muita falta para nós no futuro”, observa.
O estudante, Geovani Bora, alega que como a turma se forma em junho as aulas que teoricamente seriam dadas, provavelmente não serão. “Nosso aprendizado está sendo muito prejudicado, pois alguns professores estão suprindo a aula de outros. São repassadas matérias similares para ocupar o tempo, sendo que não estamos tendo o conteúdo que deveríamos realmente. Nós teremos que vir ao Colégio para repor aulas aos sábados e isso prejudica muito, porque nos outros dias as disciplinas são trabalhadas de forma mais detalhada e nem todos os alunos podem comparecer”, conclui Geovani.
Providências
De acordo com o chefe do Núcleo Regional de Educação (NRE) de Irati, José Antonio Pianaro, o atraso na contratação dos professores foi devido ao mandado de segurança impetrado pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Paraná (APP Sindicato). “O edital contestado do PSS foi criado pelo governo anterior. Num primeiro momento a contestação foi aceita pelo Tribunal de Justiça, mas posteriormente o mandato foi derrubado, pois a Justiça entendeu que o Estado tinha feito os procedimentos dentro das normas”, observa Pianaro.
Além disso, o chefe do NRE explica que nas instituições de Ensino Profissionalizante, como o Colégio Florestal, a abertura para contratação é feita depois que há a distribuição das aulas para professores PSS da base nacional. “Somente na última sexta-feira (18), recebemos a autorização para abertura da demanda para contratação dos professores da área profissionalizante”, argumenta.
Cabe ao Núcleo fazer a contratação dos professores, e Pianaro afirma que ao longo desta semana serão feitos os ajustes necessários para que os alunos não fiquem mais sem aula. A definição sobre como será feita a reposição dos conteúdos ficará a cargo das escolas.
“O Governo do Estado tem o maior interesse que este problema não volte a acontecer. Serão chamados novos professores que passaram no concurso realizado em 2007 a partir de março, e durante o ano vamos fazer novos concursos para que possamos fechar o quadro com 100% do professores no início do próximo ano letivo”, encerra o chefe do NRE.
Texto: Marina Lukavy
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